segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

2009 km por hora

Sentada na calçada, sozinha, decepcionada
seu ano começou.
No quinto dia dos 360 que viriam a seguir, ela não dormiu.
Cega, naquele pesadelo dantesco, não viu um palmo.
Só o medo danado de entender o óbvio.

Se levantou e caminhou mesmo no escuro.
Tateou e achou suas coisas.
Caneta e papel era o que precisava.
Listou o que deveria voltar a fazer:
Dançar, ouvir sozinha sua banda predileta,
rever todos os amigos... e comprar um carro.

Sim, um carro.

E lá foi ela: com o coração gelado ainda, continuou caminhando,
A cada dia, acordar parecia ser mais fácil.

E foi em frente, mesmo quando suas pernas já não queriam mais andar.
Comprou o tal automóvel e o lotou de amigos.
Olhou pelo retovisor e viu seus queridos.
Parou para abraçar e recebeu sorte.
Ganhou um rádio que deu sua trilha sonora.

Sorriu, correu, andou mais devagar.
Observou a sua volta o trânsito caótico.
Quase bateu. Amassaram sua carroceria.
Sintomas de quem se arrisca.
Mas estava feliz.
Verdade também que, num sentimento platônico,
inventou heróis invisíveis em sua estrada,
parou em postos de gasolinas desertos,
e viu homens improváveis em seu banco de carona.

Dirigiu a noite inteira, como diz a canção,
até o dia que ela parou num farol vermelho.

Era tarde da noite e foi observada
Havia um novo rosto, que sorriu
Ela o notou... e não é que gostou?
Pois é... e ano acabou.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A vida em cores

Depois de uma noite preta de tão rock,
lá estava ela
ouvindo uma conversa amarela
naquele sábado azul.

A moça não viu quando ele chegou
todo verde-esperança
carregando flores rosas...

Mas tão rosas que a menina rubra
prestou atenção naqueles olhos marrons.

Naquele momento entendeu que
melhor que ter um herói invisível
é poder ter um que a veja de verdade
carne e osso, perfumes e toques, sons e cores.

Aliás, todas as cores.

O menino vermelho sorriu.
A menina vermelha também.